segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Replay

Esse mundo dos avançados recursos tecnológicos é incrível mesmo. Em pensar que há poucas décadas quem não tivesse visto a fórmula um ao vivo não teria visto a vitória do Rubinho. Ainda bem que inventaram o replay. Ontem à noite tive o grande prazer de redescobrir o valor dessa grande invenção. Depois de tantas outras tão impactantes como a internet e seus twitters, a gente acaba se esquecendo de algumas maravilhas do século vinte. A edição de imagens e o replay, por exemplo, são recursos bárbaros! Fiquei grudada no compacto da globonews só pra ver o final da corrida. Confesso que me deu um frio na barriga durante todo o replay, porque é tão raro ver o Rubinho vencer, mas tão raro, que eu fiquei com medo do final ter mudado. Não via a hora de o compacto terminar e ver que aquela notícia inacreditável que os portais informaram durante o dia era mesmo verdade.
E foi, ufa!
Depois de tamanho alívio, dei uma pulada de canais e parei no irritando Fernanda Young, já que eu não tinha mesmo ficado irritada com o fim da corrida. Mas, por incrível que pareça, em vez de me irritar, me deixou relax da vida. Afinal, aquela outra maravilha do universo tecnológico - o adaptador pra high definition - ainda não foi instalado na nossa tevê plana.....e pelo visto eu nem vou querer que instalem. Você já viu como as imagens exibidas em tela cheia deixam as gostosonas todas distorcidas? A Young, a Paes, a Angélica, a Poeta e a Sangalo com brações, colões, popozões, cinturões....ahhh...essas imagens distorcidas dão um alívio tão grande na gente que tá do lado de cá da tevê sentada na vida real! Bem que a playboy podia ser feita só com fotos em grande angular!

E por falar em telas planas cheias e distorcidas, continuo cada vez mais pasma com os inimagináveis avanços desses recursos todos. Sim, porque soube que telas planas dos micros de centenas de crianças de cinco aninhos de idade estavam sendo preenchidas com lições atrasadas devido às férias escolares prorrogadas pela gripe A. Ahhh....faça-me o favor! Crianças de cinco anos precisam repor o prejuízo ficando diante da internet nas horas vagas?! Estamos na Era dos avanços ou dos retrocessos? Se bem que, olhando pelo lado bom das coisas, pelo menos me sinto um pouco mais confortável em ver que não é só a minha tevê que tem tantas distorções. Ou será que são os meus óculos que estão com suas telinhas tão distorcidas e embaçadas?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Suininha básica

Já que estou com gripe, vou aproveitar pra ficar em casa e escrever. Claro! Porque depois da gripe suína, qualquer espirrinho à toa já olham pra gente com cara de socoooorro...tem uma assassina do meu lado. Mais interessante ainda é que os beijinhos habituais pra cumprimentar viraram encontros de bochechas amigas, sem nenhum tiquinho de baba pra esticar a conversa. Descobri cada bochecha dura que antes pareciam tão fofinhas! E depois do aperto de mão, adivinha, lá vem o álcool-gel entrando em ação. Esse vidrinho tá dando mais ibope do que os perfumes de bolso. Já experimentou ir à farmácia pra comprar um? Tem que entrar pra fila de espera! Bem, se outro dia eu soube que uma bolsa da Louis Vuitton no valor de vinte e três mil reais estava em lista de espera, por que um mero vidrinho de dez reais não estaria? É por uma questão de vida ou morte também. E pelo menos o tamanho da bolsa dá até pra carregar um vidro um pouquinho maior, álcool-gel tamanho família. Quem sabe logo logo não lançam um de grife. Ia dar o que falar nas colunas sociais. Afinal tem socialite à beça pra desinfetar!
Sem contar a função social que a gripe está tendo. Renovou o papo das rodinhas, pelo menos nos elevadores as pessoas deixaram um pouco de lado a profissão de meteorologistas e passaram a ser infectologistas. " – Viu só, mais de um milhão já foram infectados só em São Paulo!!!...é que ninguém quer fazer alarde". Ora, essa é nova pra mim, porque se tem uma coisa que fazem alarde mesmo sem ser caso de alarde é desgraça. Tem a tevê-desgraça, a rádio-desgraça, a revista-desgraça, o portal-desgraça, jornais-desgraça, esses então não dá pra escolher entre tantos títulos. Agora eu te pergunto: você acredita que se realmente a coisa está tão preta a mídia ia pintar de azul-calcinha? Bem, eu resolvi não encanar muito não, vou levar a vida normalmente. Só espera um pouquinho aí que o zelador veio me trazer uma correspondência e eu vou chegar até o banheiro pra lavar a mão. Mas é rapidinho, não sai daí, hein.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Última vez

Decidi. Nunca mais vou escrever.
Toda vez que começo escrever perco aos poucos a minha memória.
No segundo parágrafo já não lembro quem sou.

Da última vez que comecei a escrever lembro de poucos detalhes. Havia uma igreja, um padre, um confessionário. Lembro de um guardanapo me dado pelo padre. Lembro também de uma caneta que ele me deu. A tinta me chamou a atenção: era vermelho sangue.
Uma lágrima correu sobre minha face rubra. O padre também ficou com as maçãs do rosto rubras, fechou os olhos ao ler a primeira frase que eu havia escrito.
O guardanapo se transformou em cor de vinho, denso, forte, diria que era vinho de garrafão envelhecido há anos no carvalho.
Algo era muito importante, sei, mas não me lembro mais quem eu era...
Seria eu a moça ou o padre?

No dia seguinte àquele abri os jornais e vi a manchete de que uma moça se encontrava degolada dentro de uma igreja. Ela estava nua e banhada de sangue dentro de um confessionário. O padre fora preso com um guardanapo todo ensanguentado que havia escondido no interior de sua batina.

Fechei rapidamente o jornal e pensei: quem era aquela moça? Haveria alguém se fazendo passar por mim? E eu, quem sou? Você tem alguma ideia? Se souber, por favor, diga, escreva... porque eu, eu já não posso.