Quando era pequena eu sonhava em ser professora. Montei duas cadeiras em casa, no salão dos fundos. Comprei uma cartilha para marcar presença das duas alunas, minha avó e a moça que trabalhava como doméstica em casa. Também marcava pontos positivos e negativos na cartilha. Principalmente os últimos. Adorava!
Comprei uma régua, das grandes. Tinha cinqüenta centímetros. Não, não era para dar aulas de desenho. Era para ameaçar minhas alunas caso elas não se comportassem. Copiava mais ou menos o que vivia em classe aos sete anos de idade.
A vida me levou. Ou eu levei a vida, não sei. Só sei que me formei em comunicação, não em pedagogia. Mas de uma forma ou de outra acabei me tornando professora... quando me tornei mãe. E, ao contrário de antigamente, hoje em dia eu vejo claramente que há opções de como ser mãe. A gente pode escolher como quer exercer essa, digamos, função.
Vou explicar melhor. Percebo que nós mulheres podemos gerar um filho, mas podemos não exercer a função de mãe como profissão. Podemos delegar isso a alguém, se preferirmos. Não estou aqui nem questionando se isso é certo ou errado, só estou dizendo que é possível.
A outra possibilidade é gerarmos um filho e assumirmos, entre outras, a profissão de professora, ou seja, a função de educar essa criança para a vida. A tarefa não é fácil. É árdua. Porque a mãe que opta por educar não delega, por exemplo, esse papel para os educadores da escola. Ela deseja somar e não subtrair suas responsabilidades. Essa mãe também dificilmente um dia irá à escola de seu filho desautorizar um professor na frente do filho ou dos demais alunos. Muito menos ditar regras para a direção da escola devido às cifras que deposita nas contas da mesma.
Uma mãe-professora admira, respeita e reconhece o trabalho artesanal de um professor.
Sabe que um ponto-cruz frouxo é apenas um, mas acaba aparecendo mais pra frente em toda a trama. E qual mãe não quer tecer o melhor caminho para o filho? Talvez até as que só mais tarde se deem conta de que ter sido professora poderia não ser algo tão ruim assim.
Um comentário:
Mais difícil ainda é fazer o melhor e, não ter expectativas...
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